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Turismo de pesca de Barra do Garças carece de incentivo


Assim que se ouve falar da cidade de Barra do Garças, em Mato Grosso, vem logo o questionamento: Em que a economia da cidade é baseada?. Questionamento nem sempre tão fácil de ser respondido, visto que existem inúmeras nuances que a economia assume. Desde ser baseada na agricultura (produção de soja, arroz, milho), pecuária de corte, de comércio, de ser pólo educacional e de serviços, até mesmo de ser uma economia voltada para o turismo.

O que é percebido é uma falta de definição de qual ser o carro chefe da economia local, por isso, busca-se entender como o turismo ou as potencialidades turísticas têm sido exploradas para gerar renda e fortalecer a economia do município e outras cidades mais próximas.

É importante deixar claro ainda como se desenvolve o setor de turismo de pesca na cidade, visto que é banhada por dois rios (Garças e Araguaia) e, segundo dados oficiais, recebe um grande número de visitantes por temporada.

Para esta investigação, fez-se necessário ouvir todos os envolvidos no processo, sendo desde o representante do comércio de pesca, representante da colônia de pescadores, pescador amador, ao responsável pela realização de festivais de pesca na cidade em anos anteriores e osecretário de municipal de pesca e aquicultura.

A maioria deles comungaram na visão de a cidade ter alta potencialidade para se desenvolver a pesca, os rios possuem ainda boa variabilidade de espécies, e segundo eles, ainda que existam fatores que dificultem o desenvolvimento da pesca, como a depredação dos rios, e a pesca predatória, há muito de se explorar no setor.

Conforme Creudes Pereira Ávila, responsável por realizar por 8 anos(2002 - 2009) o Festival de Pesca na cidade, “Barra do Garças dispõe de toda a infraestrutura ecológica e temos que aproveitar essa estrutura para desenvolver o turismo na região, afim de trazer divisas para o município. À época de realização dos festivais de pesca, houve reunião em que discutimos com presidente da rede hoteleira, com alguns empresários e percebemos que o festival de pesca era a maior fonte de renda para o turismo ecológico e que tinha na pesca um parceiro, como molde para conscientização também”, ressalta ele.

Percebe-se que a continuidade do Festival ficou inviabilizada em decorrência da falta de incentivos e de parceiros para investirem no evento. Nas últimas edições do festival o que ocorreu foi apenas o investimento pessoal do Sr. Creudes Pereira. Vale salientar que na realização dos festivais vários setores da sociedade se envolveram, em que se dispuseram a UFMT, os órgãos fiscalizadores IBAMA e SEMA juntamente com a prefeitura municipal. E isso reforça a ideia de participação conjunta que produz resultados.

Sobre as condições e variabilidade de espécies de peixe encontradas nos rios locais, Creudes é enfático em dizer que “temos um dos melhores rios para pesca no Brasil, e não perdemos em nada em termos de quantidade de peixes capturados em comparação ao famoso festival anual de pesca que ocorre na cidade de Cáceres, também em Mato Grosso”. Ainda para se entender a realidade, reúne-se relatos de pessoas diretamente envolvidas, como os pescadores.

Elder Soares, pescador amador, relata que “o ciclo de pesca varia segundo o ciclo natural das chuvas, com as enchentes, que auxiliam na reprodução dos peixes, e que são pescados e disseminam o turismo à época da subida dos cardumes no rio”. Ele ressalta ainda que com tantas riquezas naturais, o número de turistas aumentam pela qualidade da pescaria.

Já o presidente da Colônia de Pescadores Z9 de Barra do Garças, Jubé Gonçalves Sobrinho, afirma que o volume de pesca no campo do turismo tem crescido, no decorrer do tempo na região, tanto a pesca esportiva quanto a de turismo recebem orientação sobre seus direitos e deveres.”É importante saber que nos rios ainda tem toda variabilidade de espécies de peixes e que é preciso pescar de forma consciente, sendo que tanto ao pescador amador quanto profissional é exigido ter sua carteira de pescador e saber qual quantia de peixe cada um pode pescar”, alerta ele.

Para complementar-se a visão sobre o contexto atual da pesca em nossa cidade, entende-se necessária a posição de um representante do comércio ligado à area e a posição do secretário municipal de pesca e aquicultura.

Segundo Ailton Amaral Silva, gerente de uma loja de pesca em Barra do Garças, o turismo de pesca é um campo bom para a economia. Contudo ele aponta um problema que diz respeito aos pescadores que depredam os rios ao pescarem de forma irregular, com redes e tarrafas. “Ainda falta condições (de pessoal e material) para fiscalização ao longo do rio”, afirma.

O secretário Eduardo Manciolli, defendeu que “A Secretaria de Pesca e Aquicultura possui projetos de reflorestamento das margens do rio Garças, com inserção de plantas da região. Atualmente, inexistem investimentos diretos ao turismo de pesca, por conta da inviabilidade, da depredação e pesca predatória e, assim a escassez de peixes. Existe o projeto para fiscalização permanente no curso do rio até a cidade de Araguaiana para reduzir os impactos da pesca ilegal. Mas em suma, atualmente não há possibilidade de investir no turismo de pesca, apenas a longo prazo.

Dessa forma, verifica-se que há potencial a se explorar no setor pesqueiro em Barra do Garças e região, e faz-se necessária uma ação conjunta e organizada da sociedade para implementar e fomentar a pesca como fator de desenvolvimento econômico e propulsor para aumentar renda, empregos e divisas para a cidade.

Contudo, diversos questionamentos ainda ficam, entre eles o de por que o governo municipal, estadual ou federal não investe maciçamente no setor? Há interesses para que ele se desenvolva na cidade? O que falta para fazermos da pesca uma artéria importante para economia local?

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