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As “corujíneas” da UFMT


Para onde quer que se olhe, lá estão elas: na ponta dos telhados, no meio das ruas, nos postes e no chão, vigiando os filhotes. E também nos vigiando, desconfiadas do vai e vem de estudantes, professores e técnicos, especialmente nos horários mais tumultuados. Junto com tamanduás, aranhas gigantes e raposas, as corujas já viraram mascotes do campus da UFMT em Barra do Garças.

Coruja é o nome usado para designar as aves estrigiformes da família dos titonídeos e estrigídeos. Nomes complicados para um seleto grupo denominado “aves de rapina”, que têm bico curvo e afiado, garras fortes, voo poderoso e excelente visão e audição. Ou seja, são ótimas caçadoras. Essa misteriosa ave de hábitos noturnos tem o poder de enxergar o que os outros não podem e reina soberana noite adentro.

Os gregos antigos a usaram para simbolizar Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, por acreditarem que o melhor momento para a reflexão era à noite, o que fez com que a coruja fosse também o símbolo escolhido pela Filosofia. No entanto, essa referência tem início ainda no Antigo Egito, onde a coruja era a ave favorita de “Tot”, o deus da sabedoria, o que pode ser o motivo da alusão ao conhecimento. Essa ligação com o mundo sobrenatural faz com que, em algumas culturas ao redor do mundo, as corujas também sejam intimamente associadas à bruxaria e a magia negra. Que maldade!

Mas não é só no campo mítico que as corujas têm características intrigantes. Entre tantas peculiaridades, está o fato de não moverem os olhos, o que é compensado pelo pescoço, com um poderoso giro que pode chegar a 270 graus em qualquer direção ou até mais que isso. Outro ponto a favor delas é o fato de serem extremamente silenciosas e possuírem uma audição super apurada. Todas essas características fazem dessas aves eficazes caçadoras. Além disso, os filhotes podem imitar os sons de serpentes para afastar possíveis predadores.

Das 126 espécies existentes, 18 vivem no Brasil. A convivência próxima com o ser humano pode ser comum em alguns lugares, já que elas não transmitem doenças, segundo os biólogos. E, além disso, cá entre nós, elas são uma graça! Algumas espécies são domesticadas e utilizadas para a prática da falcoaria, um esporte comum na Europa em que as aves são treinadas para caçar e retornar com a presa.

A espécie encontrada na região do Araguaia é a Coruja-buraqueira, que recebeu esse nome porque cava buracos no chão para fazer suas tocas. Os espaços gramados da UFMT de Barra do Garças, por exemplo, estão cheios deles. Aqui elas já fazem parte da paisagem e convivem, diariamente, com centenas de alunos e servidores. Sempre atentas, fazem barulho para assustar os mais curiosos que chegam perto dos ninhos.

E se os “intrusos” insistirem, correm o risco de levar umas bicadas. O bichinho é valente, mas dá pra viver todo mundo junto, em harmonia. É só não incomodar as donas da casa. Segundo bióloga e professora da UFMT, Márcia Cristina Pascotto, especialista em aves, “fomos nós humanos que invadimos o espaço delas”, já que a Universidade foi construída aos pés da Serra Azul. Mas “elas estão bem à vontade aqui, já que não se sentem ameaçadas pelas pessoas que circulam pela universidade”, explica a professora.

Entre tantas outras espécies silvestres que, vira e mexe, vêm nos fazer uma visitinha, as corujas, símbolo da sabedoria, parecem ter encontrado aqui na Universidade um lugar bem apropriado para morarem.

Foto de capa: Karin Sampaio

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