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AGRONEGÓCIO, UM DOS PRINCIPAIS CAUSADORES DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO ARAGUAIA

20/07/2021

FOTO: Reprodução/ Mayara Correia


O desmatamento, juntamente com o agronegócio para produção de gado e plantações ameaça o Rio Araguaia. Para a perspectiva econômica, o crescimento do agronegócio na região é animador pois gera mais empregos, mas por outro lado, o impacto ambiental é grande. Segundo um estudo feito pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, o Dema, o Rio Araguaia vai secar daqui a 40 anos. Com o desmatamento em áreas de preservação permanente, a canalização do leito do rio para o abastecimento da irrigação de lavouras e para o confinamento de gado, pode haver uma piora e o dano pode ser grande a cada ano que passa.

A Bacia do Araguaia é muito importante na região. O Rio Araguaia está presente na área de cinco estados, onde Mato Grosso e Goiás se destacam quando nos referimos as suas altas e sub-bacias. Sua biodiversidade está ameaçada com o avanço do agronegócio e uma má implementação de políticas públicas, chegando a mais de 300 focos erosivos.


PRODUÇÃO DO AGRONEGOCIO


Em Barra do Garças, segundo relatórios do INDEA/MT, em 2016, o rebanho efetivo de bovinos na região era de 1.574.928. Com isso, podemos prever que uma grande quantidade de resíduos gerados durante a produção agropecuária e o descarte desses materiais podem sim contaminar o meio ambiente. A presença de gado em áreas de preservação leva a uma fragmentação da cobertura vegetal e aumenta os focos erosivos.

O uso de agrotóxicos para a manutenção e redução dos efeitos causados por doenças, ervas daninhas, pragas, entre outros, em lavouras na região do Araguaia, também são preocupantes devido à forma com que essas substâncias se entrelaçam com o solo e o meio ambiente. Devido a sua alta taxa de contaminação de águas subterrâneas, baixa solubilidade e alta atividade biológica podem afetar de maneira significativa a vida de todos nós. Já que o ser humano, além dos outros animais, também está suscetível a doenças causadas pelos agrotóxicos, como o câncer.

A Zootecnista Izabel Dias Carvalho, formada pela Universidade de Rio Verde, com mestrado e doutorado pela Unesp na área de Genética, conta em uma breve entrevista para o Botoblog como a utilização da agricultura de precisão pode ajudar a diminuir os impactos no meio ambiente: “Uma coisa boa na agricultura por exemplo, que tem dado um impacto positivo no agronegócio, é a tecnificação. Sabe, é a agricultura de precisão.” E complementa dizendo que, “é a utilização de instrumentos para você colocar o mínimo possível de adubo e o mínimo de agrotóxico.”

Como Zootecnista e professora de graduação, em um estudo de campo auxiliando um aluno, Izabel conseguiu provar que se você tem uma área onde você aduba, cuida e utiliza menos agrotóxicos, uma área de capim tende a ter um sequestro de carbono, que é quando acontece o processo de remoção de gás carbônico da atmosfera, maior que uma área de reserva que não foi adubada: “O caminho ainda é a educação ambiental multidisciplinar como disciplina obrigatória nas escolas.”

A cidade de Barra do Garças, segundo dados retirados do próprio site do governo mato -grossense, tem a pior qualidade de água. Isso ocorre justamente pelo lançamento de resíduos nos corpos hídricos sem o devido tratamento, juntamente com a problemática falta de saneamento básico que contribuem para o incremento significativo de sedimentos e nutrientes.

No relatório publicado, foram coletadas entre 2012 e 2014 oito amostras de cada um dos 19 trechos das sub-bacias dos rios Araguaia, do Garças e Rio das Mortes, totalizando 12 municípios. Levando-se em consideração 28 parâmetros físicos, químicos e microbiológicos, avaliando a quantidade de coliformes fecais, coloração da água, a turbidez, concentração de fósforo, e o oxigênio dissolvido.[IP2]

A situação principalmente nas cidades que são banhadas pelos rios que fazem parte do Araguaia, é de extrema delicadeza e medidas são necessárias para que o ecossistema seja preservado. Em entrevista para o Botoblog, Clodoaldo Carvalho Queiroz, agrônomo e servidor público na categoria de Perito Oficial Criminal que atua em perícia criminais na POLITEC/MT, dentre elas, as ambientais, conversou um pouco com a gente e esclareceu algumas dúvidas sobre o meio ambiente e a fiscalização em nossa região:


Quais os impactos do agronegócio sobre o rio Araguaia?

“As atividades econômicas produzem resíduos que contaminam o solo e água, e a poluição difusa provem do escoamento superficial até os corpos hídricos na bacia do alto Araguaia. A pecuária extensiva e a agricultura intensiva do agronegócio com o uso intensivo de fertilizantes e pesticidas lançados associados à falta de técnicas de manejo do uso do solo são os principais fatores atuantes na degradação dos recursos hídricos, e por consequente, na diminuição da qualidade e quantidade de água.”

Como funciona a fiscalização para que os crimes ambientais não aconteçam?

“A estrutura de fiscalização ainda funciona no modelo reagente, ou seja, após denúncia do crime faz-se presente. E não possui estrutura para uma ação periódica e preventiva. Entretanto, promove ações de educação ambiental, em caráter informativo, o que auxilia a existência de um número maior de pessoas alertadas para a participação na vigilância ambiental, e isso é muito importante, pois geram denúncias que são apuradas em determinados momentos e ganham repercussão”.

É possível reverter toda essa situação de degradação que está acontecendo na bacia do Araguaia em geral?

“Reverter impactos ambientais significa mudar o modelo de produção ou mudar parâmetros que não são satisfatórios. Técnicas como o uso de pivôs centrais são de elevados riscos para aumentar a contaminação e o desperdício de água e deveriam ser utilizadas com o objetivo de produção de sementes para área de escape para onde doenças e pragas não seriam prejudiciais, minimizando custo e favorecendo o meio ambiente. Ainda se viabiliza a atividade agrícola com o uso de pivô central para irrigar boi e pasto, o que é um absurdo.

E quais seriam os processos necessários?

“Utilizando boas práticas agrícolas, como técnicas conservacionistas de solo, água, uso do plantio direto para lavoura associada com menor uso de agroquímicos, integração, lavoura pecuária e menor dependência agrícola na produção com o uso da água para não comprometer o lençol freático e as águas superficiais.”

Clodoaldo diz também que: “Técnicas de manejo com uso de defensivos, agrotóxicos, são fatores de risco elevados à contaminação ambiental pois inseticidas e herbicidas têm impacto e tem efeito direto na quebra da cadeia alimentar e produtiva da fauna e da flora aquática”.


Em 2015, na Convenção do Clima (COP 21) realizada em Paris, o Estado de Mato Grosso por meio de seu governador lançou a “Estratégia: Produzir, Conservar e Incluir”, com o objetivo de captar recursos para o Estado de Mato Grosso objetivando a expansão e aumento da eficiência da produção agropecuária e florestal, a conservação dos remanescentes de vegetação nativa, recomposição dos passivos ambientais e a inclusão socioeconômica da agricultura familiar e gerar a redução de emissões e sequestro de carbono de 6 GTonCO2, mediante o controle do desmatamento e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. O nosso entrevistado faz parte desse projeto e contou um pouco mais sobre:

“É um instrumento de gestão e de promoção de iniciativas de desenvolvimento sustentável no estado. Desde 2019, por meio de uma parceria entre a TNC (The Nature Conservation), o instituto PCI e a iniciativa para o comercio sustentável que é IDH (The Sustainable Trade Initiative), outra ong, e a prefeitura municipal de Barra do Garças, começou a ser criado um modelo de governança para replicar a iniciativa estadual no município de Barra. Aqui é um dos principais polos produtivos do vale do Araguaia, a área caracterizada pela produção agropecuária e turismo com foco nas atrações naturais da Serra do Roncador, e do Parque Estadual da Serra Azul, com grande participação da agricultura familiar, povos indígenas e comunidades tradicionais.”

As operações para salvar a bacia do Araguaia estão em andamento, mas em um ritmo não tão acelerado, com o tempo e a conscientização da população podemos reverter o que está acontecendo com o bem mais precioso da população que aqui reside, devemos ter consciência e perceber que dependemos tanto quanto os animais que ali também vivem. A fauna e a flora presente no Araguaia são de imensa beleza e riqueza, gera economia, turismo, promove o agronegócio e o bem-estar geral da população. Vamos cuidar da natureza. Como diz o artigo 255 da Constituição Federal “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.


Arthur Martins

Gustavo Klimiuk


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