Utilização de sementes regionais contribui para reflorestamento no Norte Araguaia
Em uma visita aos assentamentos do Norte Araguaia, conhecemos de perto algumas das histórias que trouxeram reflexão sobre o que vem acontecendo e como tem sido a luta dos posseiros locais pela sobrevivência.
Por: Arimara Thaís e Mylena Caitano
Assentamento Manáh
Foto: Mylena Caitano
Chegada ao assentamento do Sr. Placides e D. Raimunda
Em recente visita a um dos cinco assentamentos assistidos pela Comissão Pastoral da Terra de Porto Alegre do Norte, pudemos conhecer um casal de posseiros: Sr. Placides e D. Raimunda.
O início da conversa partiu de Placides, que logo nos contou sobre sua trajetória de vida, seu lugar de origem, o encontro e a união com a dona Raimunda na região do Xingu. Contou-nos desde a constituição de sua família até o momento em que compraram e transformaram seus modos de ver e viver em relação à terra. O casal é proprietário do local e a segunda família a passar por ali. Eles relembram que no início foi difícil, visto que começaram plantando em meio ao pasto, pois a pecuária dominava bastante aquela região.
Foto: Mylena Caitano
Sr. Placides nos mostrando a plantação de Buriti
O trabalho de plantar sementes nativas da região, de formas variadas, contribuiu para o reflorestamento do “quintal” do casal de posseiros, que tem frutas o ano inteiro, principalmente castanhas e sementes para o consumo próprio da família. Uma das coisas que nos chamou atenção é como é realizada a produção de forma natural do gás: utilizando apenas as fezes dos animais como matéria prima.
Todo o sistema que envolve o processo de produção do biogás até a sua utilização na cozinha da D. Raimunda, foi apreendido a partir dos cursos de agroecologia, disponibilizados em módulos pela CPT.
Com o aumento do custo gás de cozinha recentemente, variando entre 130 e 160 reais na região em que moram, ter esse tipo de aparato faz com que eles economizem e apliquem o rendimento em outras áreas de interesse.
Foto: Mylena Caitano
Entrada do assentamento de Dona Lindalva
Ainda no assentamento Manáh, visitamos outra moradora, D. Lindalva. Uma mulher humilde, independente, que cuida sozinha de sua terra e de suas plantações como horta, árvores frutíferas e ornamentais. D. Lindalva tenta obter o seu sustento da sua própria propriedade, mas, segundo ela, sem um subsídio do Governo ou iniciativas municipais, é uma tarefa quase inviável. A terra que hoje é dela, foi conquistada em 1995 e, desde então, sua luta para permanecer e colher os frutos tem sido fervorosa.
Apesar de levar uma vida corrida e ter que se desdobrar para cuidar da sua mãe na cidade e também de sua terra, isto a faz feliz e esperançosa; e acrescenta que nunca abandonará ou venderá (apesar das diversas propostas que já recebeu) o seu pedacinho de chão, o seu lar.
Rede de sementes
Assim como o casal, sr. Placides e d. Raimunda, a dona Lindalva também faz parte da Rede de Sementes. A Rede sementes foi criada com o objetivo de fomentar a produção de espécies arbóreas e arbustivas florestais, para a utilização em processos de restaurações ecológicas dos biomas brasileiros. Além disso, também visa produzir espécies exóticas e frutíferas para ampliar e ofertar a diversidade desses produtos.
D. Lindalva é um dos coletores da região. Vendendo frutas. Porém, com a pandemia, o projeto teve que ser paralisado e as produções ficaram fracas. Há pouco tempo, a feira retomou suas atividades, mas ainda com baixa demanda. Apesar disso, d. Lindalva diz que tem esperanças de que o projeto reviva, pois, parte de sua renda e frutos vêm desse projeto.
Video: Mylena Caitano
Imagens de como é repassado o biogás
Publicado em 15/07/2022